O Sagrado Alheio

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Dentro dos meios ocultistas há uma grande tendência (ou pelo menos eu tenho reparado esta tendência) a se colocar em uma posição de “dono da verdade”. Cada um de nós possui sua filosofia de vida, sua religião, seu conjunto de valores. A isto consideramos Sagrado. E sempre que alguém agride nosso Sagrado nossa primeira reação é a de agredir de volta. Seja ao Sagrado de nosso agressor, seja ao próprio agressor. Será esta a postura correta?

Pois como “o meu Sagrado é o correto” não nos furtamos em agredir também o Sagrado alheio. Sejam Thelemitas agredindo wiccan, wican agredindo cristãos, cristãos agredindo satanistas, satanistas agredindo gnósticos… E por aí vai. É sempre a postura de se tentar impor o seu próprio Sagrado ao outro. E convenhamos que “agredir” não consiste apenas em falar mal do Sagrado alheio. É também fazer pouco, ridicularizar usos e costumes, buscar desacreditar as crenças. A lista de agressões é grande. E estas se dão pessoalmente, pela Internet ou seja como for.

E qual a utilidade disto tudo? Nenhuma. É pura perda de tempo e uma demonstração de imenso desrespeito pela figura humana. Cada um de nós tem pleno direito ter o Sagrado que bem lhe aprouver. Não importa a desculpa que se use (“eles não sabem nada”, “eles nos perseguiram”, “meu Livro Sagrado diz que eles são maus”, ou o que quer que seja) sempre será uma tremenda falta de respeito agir desta forma. Ah, mas é tão fácil cobrar dos outros o respeito ao seu próprio Sagrado…

Mas como podemos cobrar que alguém respeite o nosso Sagrado quando agimos exatamente da forma oposta? Como agir com dois pesos e duas medidas? É hipocrisia. Se queremos que respeitem nosso conjunto de valores devemos também respeitar o conjunto de valores alheio. Como podemos nos dar ao direito de escolher a forma de guiar nossas vidas se não damos ao outro o mesmo direito?

E quando falo isto, não me refiro apenas àqueles que simplesmente procuram o primeiro evangélico na rua para ficar falando que “Jesus não existiu” ou que vá a um Sabbath apenas para atrapalhar a cerimônia ou coisa semelhante. Isto é simplesmente a face mais visível do assunto. Refiro-me também a como proceder quando alguém de outra filosofia começa a atacar a sua.

Defenda-se, é claro! Mas faça-o mostrando respeito pela escolha alheia. Mostre ao outro que suas ideias não coincidem em um ponto sequer, mas deixe claro que você respeita o ponto de vista dele e que gostaria de ter o seu respeitado também. É aquela velha máxima de tratar aos outros como gostaria que os outros o tratassem.

Muitas pessoas têm a ideia de que respeito é algo que se impõe. Isto é errado. Respeito é algo que se conquista agindo de uma forma respeitável. Respeitável pelos padrões da sociedade? Nem sempre. Mas sempre respeitável pelos padrões do Ser Humano.

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